segunda-feira, 28 de maio de 2012

Capítulo 60 - Elizabeth e Darcy casados


Capítulo 60 - Elizabeth e Darcy casados


Feliz para os seus sentimentos maternais foi o dia em que a Sr.a Bennet se viu livre de duas das suas filhas mais queridas. É fácil imaginar com que orgulho ela visitava, mais tarde, a Sr.a Bingley e falava da Sr.a Darcy. Desejaria poder acrescentar, em atenção pela sua família, que a realização do seu mais elevado desejo em ver casadas grande parte das suas filhas tivera o feliz efeito de a tornar numa mulher sensata, discreta e interessante para o resto da sua vida. Contudo, afortunadamente para o marido, que talvez não tivesse apreciado uma felicidade doméstica tão excepcional, ela continuou ocasionalmente nervosa e invariavelmente tola.

O Sr. Bennet sentiu grandemente a falta da sua segunda filha. A sua afeição por ela foi um dos motivos por que, daí por diante, mais o obrigaram a sair de casa. Adorava ir a Pemberley, sobretudo quando não era esperado. O Sr. Bingley e Jane ficaram em Netherfield apenas mais um ano. Tamanha proximidade da Sr.a Bennet e dos conhecidos de Meryton não era desejável, mesmo levando em conta o temperamento brando de Bingley e o coração afectuoso de Jane. O grande desejo das irmãs de Bingley foi finalmente satisfeito, e ele comprou uma propriedade nas proximidades do Derbyshire; e, em acréscimo a todas as suas outras felicidades, Jane e Elizabeth residiam agora a trinta milhas uma da outra.

Kitty passava a maior parte do tempo com as duas irmãs mais velhas, o que constituiu verdadeira vantagem para ela. Numa sociedade tão superior à que ela conhecera, em breve fez grandes progressos. Kitty não tinha o génio rebelde de Lydia, e, longe da influencia e do exemplo da irmã e graças a certos cuidados e atenções, ela tornou-se menos irritável, menos ignorante e menos insípida. Ela era cuidadosamente preservada de qualquer nova influência da parte de Lydia, e, embora a Sr.a Wickham frequentemente a convidasse a ir passar alguns tempos a sua casa, com promessas de bailes e rapazes, o seu pai jamais consentia que ela fosse.

Mary era a única que permanecia em casa; e, como a Sr.a Bennet não suportasse a solidão, ela viu-se necessariamente impedida de prosseguir no aperfeiçoamento dos seus talentos. Obrigada a frequentar mais assiduamente a sociedade, continuou, no entanto, a tirar conclusões morais de cada visita que fazia; e, como Mary já não sentisse a mortificação da comparação da beleza das suas irmãs com a dela própria, seu pai desconfiou que ela aceitava sem muita relutância essa alteração dos seus hábitos.

Quanto a Wickham e Lydia, o casamento pouco os modificou. Wickham resignou-se filosoficamente à convicção de que Elizabeth estava agora a par de todas as suas ingratidões e mentiras; mas, apesar disso, continuava a alimentar a esperança de que ela um dia pudesse convencer Darcy a fazer a sua fortuna. A carta que Elizabeth recebeu de Lydia por ocasião do seu casamento revelou-lhe que tal esperança era acalentada pela mulher, senão pelo próprio marido. A carta dizia o seguinte:

Minha querida Lizzy,

Desejo-te grande felicidade. Se o teu amor pelo Sr. Darcy é apenas metade do que eu sinto pelo meu marido Wickham, então és decerto muito feliz. E um consolo saber-te tão rica, e, quando não tiveres nada para fazer, espero que te lembres de nós. Wickham gostaria muito de enveredar pela carreira jurídica, mas não creio que tenhamos dinheiro suficiente para vivermos sem auxílio. Qualquer lugar de trezentas ou quatrocentas libras por ano serviria; mas, se preferes, não menciones o assunto ao Sr. Darcy. A tua, etc.

Como Elizabeth preferiu não mencionar o assunto, procurou, na sua resposta, pôr termo a todos os pedidos dessa natureza. No entanto, ela passou a enviar-lhe tudo o que economizava das suas despesas particulares. Sempre lhe parecera evidente que a renda de que eles gozavam, dirigida por pessoas tão extravagantes nos seus desejos e imprevidentes quanto ao futuro, seria insuficiente para o seu sustento; e, sempre que o casal mudava de residência, Jane e Elizabeth podiam estar certas de receber um pedido de auxílio, pois havia sempre contas por pagar. A sua maneira de viver, mesmo quando tinham uma casa, era sempre muito irregular. Estavam constantemente em mudança, de localidade para localidade, em busca de uma situação barata, e gastavam sempre mais do que possuíam. A afeição de Wickham por Lydia em breve se transformou em indiferença. A de Lydia resistiu por mais algum tempo. Apesar da sua mocidade e das suas maneiras, ela conservou intacta a reputação que o casamento lhe havia assegurado.

Embora Darcy não admitisse a ideia de receber Wickham em Pemberley, contudo, em atenção por Elizabeth, ajudou-o na sua carreira. Lydia visitava-os ocasionalmente, quando o seu marido ia a Londres ou a Bath, para se divertir. Em casa dos Bingley, no entanto, eles demoravam-se mais tempo, a ponto de esgotar toda a paciência e bom humor de Bingley, que chegou a falar em dar-lhes a entender que os desejaria ver da sua casa para fora.

A Menina Bingley ficou profundamente mortificada com o casamento do Sr. Darcy; mas, como achou aconselhável conservar o direito de frequentar Pemberley, sufocou todo o seu ressentimento. Continuou a gostar de Georgiana, mostrou-se quase tão atenciosa para com Darcy como antigamente e pagou com juros todas as cortesias que devia a Elizabeth.

Georgiana foi residir para Pemberley. A afeição entre as duas novas irmãs correspondeu a todas as expectativas de Darcy, e até mesmo às intenções das duas raparigas. Georgiana tinha uma grande admiração por Elizabeth. A princípio, fora com assombro e um pouco de horror que ouvira os gracejos e brincadeiras de Elizabeth para com o marido. O irmão sempre lhe inspirara um respeito que quase sufocava a sua afeição. Começou, então, a saber coisas que ignorava: e Elizabeth explicou-lhe que uma esposa pode-se permitir com o marido liberdades que um irmão nem sempre poderia tolerar na irmã dez anos mais jovem do que ele.

Lady Catherine ficou extremamente indignada com o casamento do sobrinho; e, dando largas à franqueza que a caracterizava, ela enviou uma resposta em termos tão violentos, especialmente contra Elizabeth, à carta de participação do sobrinho que durante algum tempo as relações mantiveram-se totalmente cortadas. Por fim, contudo, Elizabeth conseguiu o perdão do marido para a ofensa e fez que ele procurasse a reconciliação. Após alguma resistência, o ressentimento de Lady Catherine cedeu, quer pela afeição que tinha pelo sobrinho, quer pela sua curiosidade em ver como a sua esposa se conduzia; e consentiu em ir visitá-los a Pemberley, apesar da afronta aos seus ilustres antepassados, não só pela presença de uma esposa de tão baixa extracção, como pelas visitas constantes dos seus tios de Londres.

Com os Gardiner, eles mantiveram sempre grande intimidade. Darcy, a exemplo de Elizabeth, tinha a maior afeição por eles, pois, além de tudo o mais, nunca se esqueceram da gratidão que deviam às pessoas por cujo intermédio eles tinham reatado as suas relações, durante aquele passeio pelo Derbyshire.

4 comentários:

  1. Eu amo o filme como também essa história maravilhosa 😘😘

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  2. Obra maravilhosa com gosto de quero mais 😉

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  3. Já assisti ao filme 6 vezes, amei demais o livro e o filme, sendo o último mais sucinto que o livro, por isso procurei o livro pra completar a boa impressão que o filme me proporcionou!

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