Capítulo 58 - Darcy e Elizabeth noivos
- Minha querida Lizzy, por onde andaram? - foi a pergunta que Elizabeth recebeu de Jane quando ela entrou no quarto e de todos os outros quando se sentaram à mesa. Ela limitou-se a responder que se tinham distraído e caminhado mais longe do que esperavam, e, embora ela corasse, ninguém suspeitou da verdade.
A tarde passou
calmamente, sem que nada de extraordinário ocorresse. Os noivos reconhecidos
falaram e riram; os não reconhecidos permaneceram calados. Darcy não era
daquelas pessoas em que a felicidade transborda em alegria; e Elizabeth,
agitada e confusa, tinha consciência da sua felicidade, mas não a sentia
propriamente; pois, para além dos obstáculos imediatos, ainda existiam outros à
sua frente. Ela antecipava a reacção da família quando tomassem conhecimento da
sua situação; sabia que ninguém gostava dele a não ser Jane; e receava mesmo
que a antipatia deles fosse de tal ordem que toda a fortuna e importância de
Darcy não pudessem dissipar.
À noite, ela
abriu-se com Jane. Embora a suspeita não fizesse parte dos hábitos da Menina
Bennet, desta vez Elizabeth esbarrou com a sua incredulidade.
- Estás a
brincar, Lizzy. Não pode ser! Noiva do Sr. Darcy! Não, não penses que me
enganas. Sei que tal coisa é impossível.
- Este começo
não é, de facto, muito animador! Tu eras a única pessoa que eu contava que me
acreditasse, e, se não acreditas, ninguém mais o fará. Porém, é verdade o que
te digo. Ele ainda me ama e estamos noivos.
Jane olhou para
ela, duvidosa:
- Oh, Lizzy! Não
pode ser. Sei bem como tu o detestas.
- Tu não sabes
absolutamente nada. Tudo isso é para esquecer. Talvez outrora eu não o soubesse
apreciar como o aprecio agora, mas em casos como estes a boa memória é imperdoável.
É esta a última vez que recordarei tais coisas.
Jane continuava
atónita, e Elizabeth, de novo e com mais seriedade, a assegurou da verdade.
- Deus do Céu!
Será possível! Porém vejo-me obrigada a acreditar em ti - exclamou Jane. -
Minha querida, querida Lizzy! Eu gostaria... eu dou-te os meus parabéns... mas
tens a certeza? Desculpa-me a pergunta... tens a certeza absoluta de que
poderás ser feliz com ele?
- Quanto a isso,
não pode haver a menor dúvida. Ficou decidido entre nós que seriamos o casal mais
feliz do mundo. Mas estás contente, Jane? Gostarás dele para teu irmão?
- Muitíssimo.
Nada nos poderia causar maior prazer, a Bingley e a mim. Conversámos sobre
isso, mas achámo-lo impossível. E tu gostas realmente o suficiente dele? Oh,
Lizzy! Faz o que entenderes, excepto casar sem amor. Estás certa da sinceridade
e força do teu amor?
- Oh, sim!
Quando eu te contar tudo, até acharás que eu amo demais.
- Que queres
dizer com isso?
- Quero eu dizer
na minha que, se te disser que gosto mais dele do que tu de Bingley, receio que
te zangues.
- Minha querida
irmã, não brinques e falemos a sério. Conta-me, sem demora, tudo o que achas
que eu devo saber. Diz-me: desde há quanto tempo gostas dele?
- Isso aconteceu
tão gradualmente que não sei bem quando começou. Contudo, creio dever situar
esse meu amor desde aquela primeira vez que vi o belo parque de Pemberley.
Seguiu-se outra
súplica para que ela falasse seriamente, e Elizabeth acatou-a, dando à irmã as
garantias mais solenes da sua afeição por Darcy. Tranquilizada sob esse aspecto,
Jane nada mais tinha a desejar.
- Agora sinto-me
duplamente feliz - disse ela -, pois serás tão feliz como eu. Sempre o
apreciei. Bastava, aliás, o amor dele por ti para que eu o estimasse para
sempre, mas agora, como amigo de Bingley e teu marido, só Bingley e tu própria
terão a sua precedência na minha afeição. Mas, Lizzy, foste muito astuta e
reservada para comigo. Não me contaste praticamente nada do que se passou em
Pemberley e Lambton! Tudo o que sei devo-o a outro e não a ti.
Elizabeth
explicou-lhe a razão do seu segredo. Não quisera mencionar o nome de Bingley; e
a incerteza dos seus próprios sentimentos fazia que ela calasse também o nome
do amigo. Mas agora Elizabeth não podia esconder por mais tempo de sua irmã a
participação de Darcy no caso de Lydia. Pô-la ao corrente de tudo e passaram
metade da noite conversando.
- É demais! -
exclamou a Sr.a Bennet, quando se encontrava à janela, na manhã seguinte. -
Então não é aquele desagradável do Sr. Darcy que torna a vir na companhia do
nosso querido Bingley? Que desejará ele, com todas estas visitas? Não vê que
nos importuna? Por que não vai ele caçar ou fazer qualquer outra coisa, em vez
de nos impor a sua presença? Que faremos com ele? Lizzy, será melhor levá-lo de
novo a passear, para que ele não se atravesse no caminho de Bingley.
Elizabeth por
pouco não conteve o riso perante proposta tão conveniente; contudo, ficou
contrariada por sua mãe insistir em tão desagradável epíteto.
Assim que
entraram, Bingley olhou para Elizabeth tão significativamente e apertou-lhe as
mãos com tanto calor que não deixava dúvidas de que estava bem informado; e
pouco depois ele disse em voz alta:
- Sr.a Bennet,
não tem no seu parque outros caminhos por onde Lizzy se possa perder de novo,
hoje?
- Aconselho o
Sr. Darcy, Lizzy e Kitty - disse a Sr.a Bennet - a darem um passeio até Oakham
Mount. É um belo e longo passeio e o Sr. Darcy nunca viu a vista.
- Será perfeito
para os outros - replicou o Sr. Bingley -, mas creio que demasiado distante
para Kitty. Não achas, Kitty?
Kitty confessou
que preferia ficar em casa. Darcy declarou que tinha toda a curiosidade em ver
a vista e Elizabeth consentiu silenciosamente. Enquanto subia as escadas para
se ir aprontar, a Sr.a Bennet acompanhou-a, dizendo:
- Sinto muito,
Lizzy, por te obrigar a suportar a companhia daquele homem tão desagradável.
Mas espero que não te importes muito: é tudo para o bem de Jane, como deves
perceber; e depois, não precisarás de conversar muito com ele, apenas de volta
e meia. Portanto, não te exponhas e não te tornes inconveniente.
Durante o
passeio, ficou decidido entre eles que o consentimento do Sr. Bennet seria
solicitado naquela mesma noite. Elizabeth encarregou-se ela própria de fazer a
comunicação a sua mãe. Não sabia como a Sr.a Bennet reagiria, e por vezes
duvidava de que toda a fortuna e importância de Darcy não fossem suficientes
para vencer a antipatia que sua mãe tinha por ele. Porém, quer a Sr.a Bennet se
declarasse violentamente contra o casamento, ou violentamente a favor, a filha
estava certa de que a sua atitude seria pouco conveniente e sensata, e ela não
estava disposta a tolerar que o Sr. Darcy assistisse às primeiras manifestações
da sua alegria ou à veemência da sua desaprovação.
À noite, pouco
depois de o Sr. Bennet se recolher à sua biblioteca, Elizabeth viu o Sr. Darcy
levantar-se igualmente e segui-lo, e ela ficou numa agitação extrema. Não
receava a oposição do pai, mas sabia que o ia desgostar; e a ideia de que ela,
a sua filha favorita, lhe causaria uma grande decepção com a sua escolha,
enchendo-o de preocupações quanto ao seu futuro, fê-la aguardar, em profunda
angústia e aflição, o momento em que o Sr. Darcy tornou a aparecer. Este
sorriu-lhe e ela sentiu-se um pouco aliviada. Poucos minutos depois, ele
aproximou-se da mesa onde Elizabeth estava sentada com Kitty e, fingindo
admirar o trabalho que ela executava, sussurou-lhe ao ouvido:
- Vá até à
biblioteca. O seu pai quer falar-lhe.
Seu pai
caminhava de um lado para o outro, com uma expressão grave e ansiosa.
- Lizzy - disse
ele -, que fazes? Estarás no teu juízo perfeito aceitando este homem? Não o
odiavas?
Naquele momento
Elizabeth desejou ardentemente ter exprimido as suas opiniões anteriores com
menos ênfase!
Ter-lhe-ia
poupado as explicações embaraçosas que agora se via obrigada a fazer. Era
necessário. E, um tanto confusa, assegurou o pai da sua afeição pelo Sr. Darcy.
- Ou, por outras
palavras, estás decidida a tê-lo para ti. Ele é rico, decerto, e poderás ter
roupas e carruagens ainda mais belas do que as de Jane, mas tudo isso te fará
feliz?
- Não tem outra
objecção a fazer-me - disse Elizabeth - senão a sua suposição de que eu lhe
seja indiferente?
- Nenhuma. Todos
sabemos que ele é um homem orgulhoso e desagradável; mas nada disso contaria
aos nossos olhos se gostasses realmente dele.
- Gosto, gosto
muito dele - replicou ela, com lágrimas nos olhos. - Amo-o sinceramente. O seu
orgulho não é injustificado e ele é um homem bom e generoso. O pai não o
conhece bem, por isso não me magoe falando nesses termos a respeito dele.
- Lizzy -
respondeu o Sr. Bennet -, eu já lhe dei o meu consentimento. Ele é realmente um
daqueles homens a quem eu nunca recusaria coisa alguma que ele condescendesse
em pedir. E agora torno a dá-lo a ti, se estás verdadeiramente decidida a
obtê-lo. Mas deixa que te aconselhe a reflectir mais sobre o assunto. Conheço o
teu génio, Lizzy, e sei que jamais poderás ser feliz sem que estimes
verdadeiramente o teu marido, sem que o consideres teu superior. A tua
vivacidade e inteligência colocar-te-iam numa situação de grande perigo num
casamento desigual. Cairias facilmente nas garras do descrédito e da miséria.
Minha filha, não me dês o desgosto de te ver impossibilitada de respeitar o
companheiro da tua vida. Não te dás conta da gravidade do momento.
Elizabeth, ainda
mais emocionada, respondeu-lhe solene e gravemente; e por fim, após repetidas
vezes afirmar que o Sr. Darcy era realmente o homem da sua vida, explicar a
mudança gradual por que tinha passado a sua estima por ele, relatar a absoluta
certeza que tinha da sua afeição, que não era coisa de momento, mas que
resistira à experiência de muitos meses de incerteza, e enumerar com energia
todas as qualidades do seu futuro marido, acabou por conquistar a incredulidade
do pai e reconciliá-lo com a ideia do casamento.
- Pois bem,
minha querida - disse ele, quando Elizabeth acabou de falar. - Nada mais tenho
para te dizer. Se é esse o caso, ele merece-te. Nunca me poderia separar de ti,
minha querida Lizzy, entregando-te a alguém menos digno da tua estima.
Para completar a
impressão favorável de seu pai, ela então relatou-lhe o que o Sr. Darcy
voluntariamente fizera por Lydia. Ele ouviu-a com um espanto ilimitado.
- Realmente,
esta é uma noite de surpresas! E assim, Darcy tratou de tudo! Fez o casamento,
deu dinheiro, pagou as dívidas do outro e arranjou-lhe um novo cargo? Tanto
melhor. Poupa-me inúmeros incómodos e avultada soma de dinheiro. Se tudo
tivesse sido feito pelo teu tio, sentir-me-ia na obrigação de lhe pagar, e
tê-lo-ia feito; mas estes jovens violentamente apaixonados hão-de querer tudo a
seu modo. Oferecer-me-ei, amanhã, para lhe pagar, mas ele protestará com
veemência, alegando o seu amor por ti e pôr-se-á ponto final no assunto.
O Sr. Bennet
lembrou-se, então, do embaraço de Elizabeth a propósito da carta do Sr.
Collins; e, após brincar com ela sobre o assunto, deixou-a finalmente partir,
dizendo-lhe, quando ela já ia perto da porta:
- Se chegarem
alguns jovens para Mary e para Kitty, manda-os entrar, pois estou à disposição.
Elizabeth
sentia-se aliviada de um grande peso; e, após reflectir calmamente no seu
quarto durante meia hora, voltou para junto dos outros com um rosto calmo e
sereno. Tudo era ainda muito recente para que a sua alegria transbordasse.
A noite passou
tranquilamente; nada mais havia a temer e a calma voltaria aos poucos.
Quando a sua mãe
subiu para o quarto, Elizabeth acompanhou-a e fez-lhe a importante comunicação.
O efeito foi extraordinário, pois, ao ouvi-la, a Sr.a Bennet permaneceu
completamente imóvel, incapaz de pronunciar urna palavra. Sob passados largos
minutos ela pôde compreender o que ouvira, embora estivesse sempre atenta a
tudo o que redundasse em proveito para a família, ou que se lhe apresentasse
sob o aspecto de um noivo para qualquer uma das suas filhas. Finalmente, ela
começou a voltar a si e a mexer-se na cadeira; levantou-se, tornou a sentar-se,
abriu a boca de espanto e persignou-se.
- Deus do Céu!
Deus me abençoe! Imagine-se! Quem poderia supor!? O Sr. Darcy! É mesmo verdade?
Oh, minha querida Lizzy! Como serás rica e importante! Que mesadas, que jóias e
que carruagens tu não terás! O casamento de Jane nada é em comparação com o
teu! Sinto-me tão feliz, tão contente! Que homem encantador! Tão belo! Tão
alto! Oh, minha querida Lizzy, perdoa-me ter antipatizado com ele no princípio!
Estou certa de que ele me perdoará. Minha querida Lizzy... uma casa em Londres!
Tudo o que há de melhor! Três filhas casadas! Dez mil libras por ano! Meu Deus
do Céu, que será de mim? Enlouqueço.
Tais exclamações
foram suficientes para mostrar que não havia dúvidas quanto à sua aprovação; e
Elizabeth, felicitando-se por ser a única testemunha daquela efusão, em breve se
retirou. Porém, ainda ela
não se encontrava há bem três minutos no seu quarto, quando a sua mãe de novo
lhe apareceu:
- Minha querida
filha - exclamou ela -, não posso pensar noutra coisa! Dez mil libras por ano,
e talvez mais! É tão bom como se se tratasse de um lorde! É necessário obter
uma licença especial! Mas, meu querido amor, diz-me qual o prato preferido do
Sr. Darcy, para eu lho dar amanhã.
Era um triste
prenúncio do que poderia ser o comportamento da mãe para com o próprio
cavalheiro; e Elizabeth descobriu que, embora de posse dos mais calorosos dos
afectos e tranquila quanto ao consentimento dos pais, havia ainda algo a
desejar. Mas o dia seguinte passou-se muito melhor do que ela esperara, pois a
Sr.a Bennet, afortunadamente, tinha tanto respeito pelo seu futuro genro que só
se atreveu a dirigir-lhe a palavra para lhe dizer alguma amabilidade ou
manifestar a sua deferência pelas opiniões dele.
Elizabeth viu
com satisfação o seu pai fazer esforços para melhor o conhecer; e o Sr. Bennet
em breve a assegurou de que a sua estima por ele crescia a todo o momento.
- Tenho grande
admiração pelos meus três genros - disse ele-: Wickham é talvez o meu
preferido, mas creio que gostarei tanto do teu marido como do de Jane.
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